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maio

23/05 | sex | 19h | café filosófico cpfl ao vivo: Narcisismo e Depressão, com Teresa Pinheiro

  • 19:00

O Café Filosófico CPFL recebe na sexta-feira 23, às 19h, a psicanalista e pesquisadora da UFRJ Teresa Pinheiro. O tema da palestra é “Narcisismo e depressão”, e faz parte do módulo “O sofrimento humano nos tempos atuais”, série de encontros promovidos pelo Instituto CPFL sob curadoria da psicanalista Regina Herzog. No bate-papo abaixo, Teresa Pinheiro fala sobre o tema do encontro e explica por que a cultura do espetáculo produz fobias e inibições na sociedade atual. “Passamos da valorização do ser introspectivo para a valorização do ter, da imagem e da exterioridade tudo isso é um caldo propicio para as depressões”, afirma.

A valorização do ‘ter’ e da imagem é um caldo para depressões

A cultura do espetáculo produz sintomas de resistência como as fobias e as inibições, afirma a psicanalista Teresa Pinheiro, que na sexta-feira 23, fala sobre narcisismo e depressão no Café Filosófico CPFL.

Desde o surgimento da pílula anticoncepcional, a sociedade passa por mudanças extremas e em velocidade inédita sobre os hábitos, os papéis entre homens e mulheres, a produção tecnológica e o consumo. Uma das consequências dessas transformações é a desvalorização do ser introspectivo e a valorização do ter, da imagem e da exterioridade. “Tudo isso é um caldo propício para as depressões”, afirma a psicanalista e pesquisadora da UFRJ Teresa Pinheiro.

A especialista será a palestrante do Café Filosófico CPFL da sexta-feira (23/05), às 19 horas. A apresentação terá como o tema “Narcisismo e Depressão” e faz parte do módulo “O Sofrimento humano nos tempos atuais”, série de apresentações promovida pelo Instituto CPFL sob curadoria da psicanalista e professora da UFRJ Regina Herzog.

O módulo já teve duas palestras: “A crise no mundo contemporâneo”, ministrado por Regina Herzog, e “Culpa e vergonha na atualidade”, com o psicanalista e psiquiatra Julio Verztman. No encontro, Teresa Pinheiro pretende traçar um histórico de como o saber psicanalítico se constitui no início do século XX com a escuta das neuroses e hoje se depara com os quadros de depressão narcísica. “Isso nos obriga a pensar em um outro modelo dentro teoria freudiana, que é o modelo narcísico”, diz a especialista. Pinheiro define como pretende abordar o tema em sua palestra na sexta-feira, que terá transmissão online no site (http://www.cpflcultura.com.br/aovivo/) e vai ao ar na TV Cultura, ainda sem data para a exibição. Confira:

Instituto CPFL – Por que os casos de depressão relacionados ao narcisismo aumentaram nos últimos anos?

Teresa Pinheiro – Cada época tem o seu sintoma prevalente. No final do século XIX e início do século XX, a prevalência eram as histerias e as neuroses obsessivas. Na chamada pós-modernidade, as depressões narcísicas são predominantes. A cultura do espetáculo, da exigência performática, produz seus sintomas de resistência como as fobias, as depressões e as inibições.

Instituto CPFL – Quando esse crescimento passou a ser percebido? Houve algum momento histórico que o define?

TP – Sempre houve depressão, sempre houve a melancolia, mas, a partir dos anos 80, a predominância desses casos começou a chamar a atenção. Os laboratórios começam a realizar pesquisas e a produzir os novos antidepressivos, como o Prozac – chamado então de pílula da felicidade. A revista Time tinha por tradição fazer capas sempre com retratos de pessoas. Eis que na época surgiu uma capa com uma pílula de Prozac. É claro que a indústria farmacêutica tem se aproveitado de todas as maneiras para incrementar o seu mercado, mas não há dúvidas do quanto os quadros depressivos cresceram nos últimos 30 anos. A cultura do narcisismo, como chamou o escritor Christopher Larch, as descrições do Richard Sennet sobre as relações de trabalho no seu livro A corrosão do caráter, ou do Anthony Guiddens sobre a contemporaneidade mostram a radicalidade das mudanças sociais e a rapidez em que essas mudanças se deram. Desde o surgimento da pílula anticoncepcional até agora as mudanças foram enormes! Mudanças de hábitos, dos papéis sociais dos homens de das mulheres, da produção tecnológica e da sociedade de consumo. Nunca as mudanças foram tão extremas e em tão pouco tempo. As referências externas até os anos 70 pareciam mais estáveis. Passamos da valorização do ser introspectivo para a valorização do ter, da imagem e da exterioridade tudo isso é um caldo propicio para as depressões.

Instituto CPFL – De que maneira nossa exposição à internet, e às redes sociais, contribuem para este fenômeno?

TP – Não me parece que a internet ou as redes sociais contribuam para as depressões. São novas formas de estar no mundo, de se estabelecer relações e contatos. São formas diferentes do que se tinha antes. O Michel Serres diz que existiram três grandes revoluções na civilização. A primeira foi a escrita, a segunda foi a imprensa e a terceira, a internet e seus derivados: os smartphones, as redes sociais, os whatsapp, o Instagram e tudo o mais.

Instituto CPFL – Como identificar a patologia em meio a tanta exposição?

TP – O sofrimento da depressão é enorme. Os que sofrem de depressão são exatamente os que estão na contramão da exposição.

Abaixo, as informações sobre a palestra:

23/05 | sex | 19h

Narcisismo e Depressão

Com Teresa Pinheiro, psicanalista e pesquisadora

A psicanalista Teresa Pinheiro vai apresentar os quadros prevalentes de sofrimento psíquico na clínica atual. Estas “novas” patologias diferem dos casos clássicos do início do século XX, a saber, patologias regidas pelos modelos da histeria e da neurose obsessiva. Hoje se pode constatar a incidência expressiva de casos de depressão que têm como paradigma a questão do narcisismo.

módulo: o sofrimento humano nos tempos atuais
curadoria: regina herzog

nos tempos atuais, assistimos a vastas transformações nos diversos setores da sociedade. transformações políticas, sociais, econômicas e tecnológicas, abrindo diversas possibilidades de intervenção na saúde, o que certamente provoca os mais variados efeitos nos indivíduos. fala-se muito que vivemos tempos de crise que acarretam uma revolução no modo de ser e de se estar no mundo. e o que é uma crise? o termo crise pode ter uma conotação positiva (no sentido de evolução, crescimento) ou negativa (como perda ou regressão); seja como for, crise remete a uma ruptura, uma mudança brusca com referência a um determinado status quo. como encarar este momento, ou melhor, como vivenciamos este momento? qual a razão de tanto sofrer, de tantos dissabores que distinguem o final do século xx e início do presente século com a marca da depressão? costuma-se dizer que esta crise é a responsável pelo profundo mal-estar do ser humano com relação a si próprio ou ao convívio com seus semelhantes.

nestas quatro palestras vamos discutir como se forma este quadro, analisando as transformações do mundo contemporâneo e sua incidência nas configurações subjetivas e nas relações sociais. os temas abordados vão buscar retratar este cenário a partir das seguintes indagações: como se apresenta hoje o sofrimento humano? seriam as inovações tecnológicas  as responsáveis por esse mal-estar?  a felicidade se tornou uma obsessão? o avesso da depressão é a competência? os sintomas contemporâneos são novos ou simplesmente uma repetição do que sempre houve? de que forma sentimentos como vergonha e humilhação, que aparecem como inibições e compulsões, permeiam as relações na atualidade?

Teresa Pinheiro – Psicanalista, pesquisadora e coordenadora do Núcleo de Estudos em Psicanálise e Clínica da Contemporaneidade (NEPECC).

módulo: o sofrimento humano nos tempos atuais
curadorregina herzog
tema: culpa e vergonha: narcisismo e depressão
palestrante: teresa pinheiro
local: instituto cpfl | cultura (rua jorge figueiredo corrêa, 1632, chácara primavera, campinas – sp);
data: 23 de maio de 2014;
horário: 19h;
capacidade: café filosófico: 180 lugares;
classificação etária: 14 anos;
transmissão online pelo cpflcultura.com.br/aovivo;
entrada gratuita, por ordem de chegada, a partir das 18h. vagas limitadas;
informações: instituto cpfl  (19) 3756-8000 ou em www.cpflcultura.com.br;