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maio

30/05 | sex | 19h | café filosófico cpfl ao vivo: patologias contemporâneas: ansiedade, pânico e compulsões, com fernanda pacheco-ferreira

  • 19:00

30/05 | sex | 19h

“Pessoa compulsiva não percebe como o transtorno afeta a sua vida”

Palestrante do Café Filosófico CPFL sobre ansiedade, pânico e compulsões, a psicanalista Fernanda Pacheco-Ferreira fala que a perda de “referências verticais” causa desamparo na sociedade

A compulsão por alimentos, drogas, bebidas, sexo ou compras nem sempre é percebida pela pessoa que manifesta o transtorno. Muitas vezes são os amigos ou familiares mais próximos que se dão conta de como a vida da pessoa está afetada pela compulsão, e insistem que ela deve buscar tratamento. “A pessoa sente a compulsão como algo necessário e nem sempre tem uma percepção de que aquilo está tomando um espaço muito grande em sua vida”, afirma a psicanalista e doutora em psicologia clínica Fernanda Pacheco-Ferreira. Convidada do Café Filosófico CPFL de sexta-feira 30, ela falará sobre “Patologias contemporâneas: ansiedade, pânico e compulsões”. Será a última palestra do módulo “O sofrimento humano nos tempos atuais”, que tem a curadoria da psicanalista e professora da UFRJ Regina Herzog.

O evento, aberto ao público, tem início às 19h e terá transmissão ao vivo no site https://institutocpfl.org.br/cultura//aovivo

Na entrevista abaixo, Pacheco-Ferreira adianta alguns pontos que serão abordados na palestra e explica que a ansiedade do mundo atual é uma questão “muito subjetiva”. “Vai depender de como a pessoa está se sentindo, se rompe com certo equilíbrio na sua vida e o quanto suas relações sociais, de trabalho e amorosa são afetadas por essa ansiedade.”

Confira:

Instituto CPFL – O que acontece com a sociedade atual para que transtornos como ansiedade, pânico e compulsões se tornem mais comuns nos dias atuais?

Fernanda Pacheco-Ferreira – Existe, por um lado, uma tendência a patologizar sentimentos e comportamentos que antes eram considerados normais, o que pode levar a um aumento de diagnósticos. Por outro lado, existem leituras que apontam para o fato de a perda de referências verticais simbólicos deixem o sujeito sem recursos, lançando-o em um desamparo para o qual essas manifestações seriam uma resposta em ato.

Instituto CPFL – Hoje é comum ouvir as pessoas dizerem no trabalho ou em casa que estão “ansiosas”. Como saber quando essa sensação se transformou em um transtorno?

Fernanda Pacheco-Ferreira – A psiquiatria tem critérios para determinar quando certas expressões de sofrimento ou estados de humor se tornam transtornos. Mas, em realidade, a questão é muito mais subjetiva. Vai depender de como a pessoa está se sentindo, se rompe com certo equilíbrio na sua vida e o quanto suas relações sociais, de trabalho e amorosa são afetadas por essa ansiedade. Uma grande diminuição da plasticidade da vida pode indicar que a reação de ansiedade se transformou em um transtorno incapacitante.

Instituto CPFL – As pessoas, em geral, conseguem se dar conta de que certos comportamentos são manifestações de alguma compulsão?

Fernanda Pacheco-Ferreira – Muitas vezes são as pessoas mais próximas que se dão conta de como a vida da pessoa está afetada pela compulsão e insistem que ela deve buscar tratamento. A pessoa sente a compulsão como algo necessário e nem sempre tem uma percepção de que aquilo está tomando um espaço muito grande em sua vida.

Instituto CPFL – Que tipo de compulsão é mais comum? Há uma idade mais vulnerável a elas?

Fernanda Pacheco-Ferreira – As compulsões são muito heterogêneas, podem assumir qualquer forma. Existem algumas mais observadas como as alimentares, as ligadas ao consumo de drogas lícitas e ilícitas, compulsão por sexo, por compras… Em geral começam no final da adolescência e início da vida adulta.

Instituto CPFL – De que maneira as mudanças tecnológicas, e as mudanças de relacionamento a partir delas, contribuem para esse fenômeno?

Fernanda Pacheco-Ferreira – Não vejo uma relação direta entre as mudanças tecnológicas e as compulsões. Acho que a tecnologia pode se tornar uma compulsão, mas não é uma relação de causa e efeito.

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Saiba mais sobre o evento:

 

patologias contemporâneas: ansiedade, pânico e compulsões

Com Fernanda Pacheco-Ferreira, psicanalista e doutora em psicologia clínica

A psicanalista Fernanda Pacheco-Ferreira vai abordar o campo da clínica nos transtornos de ansiedade, pânico, fobia e compulsões. Tais fenômenos tornaram-se tão frequentes a ponto de serem tomados como uma espécie de marca registrada da contemporaneidade. Em comum, essas expressões sintomáticas carregam a questão do ato, sendo agrupadas em torno de uma categoria recentemente nomeada de patologias do ato. O objetivo dessa palestra é mostrar a especificidade da expressão do sofrimento psíquico na atualidade através das figuras do ato e de seu avesso, a inibição.

módulo: o sofrimento humano nos tempos atuais

curadoria: regina herzog

nos tempos atuais, assistimos a vastas transformações nos diversos setores da sociedade. transformações políticas, sociais, econômicas e tecnológicas, abrindo diversas possibilidades de intervenção na saúde, o que certamente provoca os mais variados efeitos nos indivíduos. fala-se muito que vivemos tempos de crise que acarretam uma revolução no modo de ser e de se estar no mundo. e o que é uma crise? o termo crise pode ter uma conotação positiva (no sentido de evolução, crescimento) ou negativa (como perda ou regressão); seja como for, crise remete a uma ruptura, uma mudança brusca com referência a um determinado status quo. como encarar este momento, ou melhor, como vivenciamos este momento? qual a razão de tanto sofrer, de tantos dissabores que distinguem o final do século xx e início do presente século com a marca da depressão? costuma-se dizer que esta crise é a responsável pelo profundo mal-estar do ser humano com relação a si próprio ou ao convívio com seus semelhantes.

nestas quatro palestras vamos discutir como se forma este quadro, analisando as transformações do mundo contemporâneo e sua incidência nas configurações subjetivas e nas relações sociais. os temas abordados vão buscar retratar este cenário a partir das seguintes indagações: como se apresenta hoje o sofrimento humano? seriam as inovações tecnológicas  as responsáveis por esse mal-estar?  a felicidade se tornou uma obsessão? o avesso da depressão é a competência? os sintomas contemporâneos são novos ou simplesmente uma repetição do que sempre houve? de que forma sentimentos como vergonha e humilhação, que aparecem como inibições e compulsões, permeiam as relações na atualidade?

Fernanda Pacheco-Ferreira – Psicanalista, doutora em Psicologia Clínica (PUC-RJ), pós-doutoranda (PRODOC-CAPES) do Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica da UFRJ, membro do Núcleo de Estudos em Psicanálise e Clínica da Contemporaneidade (NEPECC).

módulo: o sofrimento humano nos tempos atuais
curadorregina herzog
tema: patologias contemporâneas: ansiedade, pânico e compulsões
palestrante: Fernanda Pacheco-Ferreira
local: instituto cpfl | cultura (rua jorge figueiredo corrêa, 1632, chácara primavera, campinas – sp);
data: 30 de maio de 2014;
horário: 19h;
capacidade: café filosófico: 180 lugares;
classificação etária: 14 anos;
transmissão online pelo cpflcultura.com.br/aovivo;
entrada gratuita, por ordem de chegada, a partir das 18h. vagas limitadas;
informações: