Música
05
ago

de bach a villa, com sonia rubinsky

  • campinas (sp)
  • 20:00

5/8 | sáb | 20h
De Bach a Villa
com Sonia Rubinsky, piano

A relação entre Heitor Villa-Lobos e Johann Sebastian Bach é conhecida, comentada, mas na verdade pouco ouvida em sons. É isto o que proponho neste ano de celebração dos 130 anos do nascimento deste compositor. O Prelúdio das Bachianas brasileira nº 4 é uma citação direta do tema da Oferenda Musical. E, afinal, as Bachianas nº 4 são uma suíte, como estas obras de Bach que proponho para este programa que começa com uma Overture Française, seguida de danças da corte. Em Bach, há sempre vários anéis de profundidade. E as danças não são exceção: o contraponto sofisticado está sempre presente. Incluo no recital a peça que Willy Correa de Oliveira escreveu para mim (e esta é a primeira vez que a toco), e logo em seguida Nesta Rua, das Cirandas, também em homenagem ao Willy, pois foi com as Cirandas que o convenci da grandeza de Villa-Lobos!

Sala Umuarama | Entrada gratuita, com retirada de ingresso a partir das 19h (dois ingressos por pessoa). 


Programa:
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
– Partita nº 4: Abertura francesa
– Partita nº 6: Allemande
– Partita nº 6: Corrente
– Ária das Variações Goldberg
– Lute Suite: Bourrée
– Suíte francesa nº 5: Loure
– Suíte francesa nº 5: Gigue
– Partita nº 2: Capriccio

Willy Correa de Oliveira (1938)
Prelúdio de Sonia Rubinsky
Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
– Cirandas: Nesta Rua
– Bachianas brasileiras nº 4

 

Com patrocínio da CPFL Energia, o projeto é incentivado pelo Proac-SP e realizado pela Livre Conteúdo e pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo.


Ciclo virtuoso: de Bach a Villa-Lobos (e vice-versa)

Com curadoria de João Luiz Sampaio.

Nos anos 1930, Heitor Villa-Lobos iniciou o trabalho nas Bachianas Brasileiras. O ciclo tinha como inspiração a música de Bach, ou melhor, a possibilidade de justapor elementos da música folclórica brasileira ao universo do compositor alemão, que ele tratava como “manancial folclórico universal”.

O ciclo se insere em um momento histórico específico – o do neoclassicismo e do retorno às formas do passado que orientou, nos anos 1920, diversos autores, como o russo Igor Stravinsky. Mas as Bachianas extravasaram as condições de seu nascimento. Nelas, afinal, está sintetizada uma questão-chave da criação chamada “erudita” nacional no século XX: como conciliar a relação entre as formas herdadas do passado europeu e o olhar às manifestações regionais na busca por uma linguagem original?

Em pleno século XXI, se a questão permanece, a resposta a ela já não precisa assumir ares definidores de uma estética a ser seguida. Pelo contrário, por trás dela estão múltiplos diálogos possíveis, que apontam acima de tudo para a diversidade de referências que devem ser levadas em conta na compreensão de nossa identidade. Multiplicidade e diversidade que estão representadas não apenas no trabalho dos autores mas também na linguagem pessoal dos intérpretes – e que pautam esse módulo.

A pianista Sonia Rubinsky, que já gravou a integral de Villa-Lobos e hoje se dedica à obra de Bach, explora em seu recital as relações possíveis entre os dois autores, buscando no brasileiro elementos da obra do compositor das Paixões. O duo de voz e piano de Ana Lucia Benedetti e Rafael Andrade, dois jovens expoentes do universo lírico no país repassa o rico universo das canções de arte, gênero em que é evidente a influência da música popular em alguns de nossos principais autores do século XX.

As duas outras apresentações percorrem o caminho contrário. Amilton Godoy e Gabriel Grossi buscam os elementos populares da pesquisa que conduziu Villa-Lobos em seu processo criativo. E, se Villa se debruçou sobre o universo popular para criar obras ditas eruditas, Neymar Dias relê o cânone bachiano a partir das sonoridades da viola caipira, fechando um círculo virtuoso no qual o diálogo, acima de tudo, se traduz em música.

por João Luiz Sampaio, com a direção musical de João Marcos Coelho.