Música
19
ago

villa popular, com amilton godoy e gabriel grossi

  • instituto cpfl
  • 20:00

19/8 | sáb | 20h
Villa-Lobos popular
com Amilton Godoy, piano, e Gabriel Grossi, harmônica

Se o nome de Heitor Villa-Lobos se impõe no cenário musical brasileiro, isso não se dá apenas pela qualidade de suas obras. O compositor, na verdade, tornou-se símbolo de uma possível identidade musical do país. E isso porque recriou, no universo erudito, a tradição folclórica e popular brasileira. Amilton Godoy e Gabriel Grossi, nesse concerto, celebram a importância do autor percorrendo o caminho inverso: a partir de obras como as Bachianas nº 4, eles buscam os elementos genuinamente populares da pesquisa que conduziu Villa-Lobos em seu processo criativo.

Sala Umuarama | Entrada gratuita, com retirada de ingresso a partir das 19h (dois ingressos por pessoa). 


Programa:
Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
– Ciclo Brasileiro: Festa no Sertão
– Guia Prático: A Maré Encheu
– Bachianas Brasileiras nº 4: Prelúdio
– Polichinelo
– Bachianas brasileiras nº 5: Ária (Cantilena)
– Bachianas brasileiras nº 5: Dança (Martelo)
– Canções típicas brasileiras: A Estrela é Lua Nova
– Bachianas brasileiras nº 4: Ária (Cantiga)
– Bachianas brasileiras nº 2: O Trenzinho do Caipira
– Pot-pourri Folclore


Ciclo virtuoso: de Bach a Villa-Lobos (e vice-versa)

Com curadoria de João Luiz Sampaio.

Nos anos 1930, Heitor Villa-Lobos iniciou o trabalho nas Bachianas Brasileiras. O ciclo tinha como inspiração a música de Bach, ou melhor, a possibilidade de justapor elementos da música folclórica brasileira ao universo do compositor alemão, que ele tratava como “manancial folclórico universal”.

O ciclo se insere em um momento histórico específico – o do neoclassicismo e do retorno às formas do passado que orientou, nos anos 1920, diversos autores, como o russo Igor Stravinsky. Mas as Bachianas extravasaram as condições de seu nascimento. Nelas, afinal, está sintetizada uma questão-chave da criação chamada “erudita” nacional no século XX: como conciliar a relação entre as formas herdadas do passado europeu e o olhar às manifestações regionais na busca por uma linguagem original?

Em pleno século XXI, se a questão permanece, a resposta a ela já não precisa assumir ares definidores de uma estética a ser seguida. Pelo contrário, por trás dela estão múltiplos diálogos possíveis, que apontam acima de tudo para a diversidade de referências que devem ser levadas em conta na compreensão de nossa identidade. Multiplicidade e diversidade que estão representadas não apenas no trabalho dos autores mas também na linguagem pessoal dos intérpretes – e que pautam esse módulo.

A pianista Sonia Rubinsky, que já gravou a integral de Villa-Lobos e hoje se dedica à obra de Bach, explora em seu recital as relações possíveis entre os dois autores, buscando no brasileiro elementos da obra do compositor das Paixões. O duo de voz e piano de Ana Lucia Benedetti e Rafael Andrade, dois jovens expoentes do universo lírico no país repassa o rico universo das canções de arte, gênero em que é evidente a influência da música popular em alguns de nossos principais autores do século XX.

As duas outras apresentações percorrem o caminho contrário. Amilton Godoy e Gabriel Grossi buscam os elementos populares da pesquisa que conduziu Villa-Lobos em seu processo criativo. E, se Villa se debruçou sobre o universo popular para criar obras ditas eruditas, Neymar Dias relê o cânone bachiano a partir das sonoridades da viola caipira, fechando um círculo virtuoso no qual o diálogo, acima de tudo, se traduz em música.

por João Luiz Sampaio, com coordenação de João Marcos Coelho.