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reinvenção da família contemporânea: na tela e na vida real

com curadoria de diana corso.

poucos temores têm nos mobilizado tanto quanto o declínio da família. ela é acusada de falta de consistência simbólica, da futilidade dos seus valores. Entre os inúmeros defeitos da família contemporânea estaria a hiperatividade e irritabilidade de adultos e crianças, o débâcle da função paterna, as mães que não são mais suficientemente boas, e por fim, os filhos sem limites. porém, nada disso realmente aconteceu bem assim, pelo menos não de forma drástica.

a família de hoje só pode ser compreendida se prestarmos atenção nas mutações que sofreu, as quais não significam destruição ou inoperância, mas sim outros caminhos. são novas formas de estruturação desse grupo, que se organiza para que os mais crescidos tentem formar a personalidade dos novatos que estão chegando.

não duvidamos de que a autoridade e a hierarquia declinaram como garantia e lastro. tampouco ignoramos a realidade da parca duração dos vínculos, dos adultos que não suportam o limite do tempo e estão sempre recomeçando a vida, entregando-se à sua inabalável fé na paixão. mas isso não é o fim dos tempos, nem da família: ela ainda é a matriz de renovadas apostas, no amor, na educação dos filhos, na solidariedade entre seus membros. afinal, o que surgiu como alternativa?

para tentar responder a essas questões apelaremos para histórias de famílias que a ficção nos empresta para sonhar. sofremos os efeitos da nossa família real, tanto a que tivemos como a que constituímos, dos impasses e tensões aos quais ela é submetida, mas geralmente nos comparamos com famílias idealizadas, tomadas de empréstimo da arte e da mídia. em nossas palestras, aparecerão cenas e relatos de filmes que retratem a família democrática e pouco tradicional de hoje: as mães que nasceram das vitórias feministas, o homem e o pai que o fim das utopias e a libertação feminina transformaram em falível, as separações e novas uniões. enfim, entremeados de imagens e cenas, descobriremos os modos em que o grupo familiar vai se reinventando.

gravado em maio de 2011.

serie (5): reinvenção da família contemporânea: na tela e na vida real

  • versão para tv | retratos de família, com diana corso e mário corso

    “um filho se e quando eu quiser”, foi a reivindicação atendida a partir da consolidação das conquistas feministas. a maternidade que nasce do livre arbítrio da mulher desenvolveu-se, então, longe do ideal de reclusão familiar, de papéis fixos. mesmo em família, os filhos sentem-se sempre meio desamparados, assim como suas próprias mães, e tal como a noviça órfã maria von trapp, precisam inventar sozinhas um modo de ser. jovens como mary poppins já voavam livres ao sabor do vento, mudando a família tradicional e o papel da mãe como um redemoinho. já em relação ao pai, o tom é sempre reivindicativo: o filho se queixa do pai que teve, embora o pai que ele pode ser tampouco lhe cause melhor impressão. por isso, os pais são os grandes palhaços do entretenimento infanto-juvenil, numa linhagem que começou com fred flintstone e encontrou em homer simpson seu representante mais notório. entre os pais inseguros com seu papel, o do peixinho nemo mostra as dificuldades de ser pai quando se tem tanto medo e a mãe não está presente, além de que é muito difícil resignar-se a crescer e ocupar esse lugar, mesmo que se seja grande, forte e assustador como o ogro shrek.
  • versão para tv | a família contemporânea em cena: novas identidades sexuais e novos pais, com diana corso e mario corso

    Acabou a era da estabilidade no casamento, casa-se com essa esperança, mas poucos estão dispostos a grandes sacrifícios para esse fim. A parentalidade e a intimidade doméstica precisaram ser reinventadas depois de retiradas dos clichês familiares nos quais repousavam. A força das famílias contemporâneas nasce de laços distantes da hierarquia e da tradição: na ficção, os pais são tidos como idiotas, mas são amados; as mães se distraem e ausentam, mas costumam ser consideradas inteligentes e atenciosas; os filhos são endemoniados, mas justos. Aos pequenos cabe construir-se através de muita fantasia, aprendendo a administrar conflitos domésticos, problemas conjugais dos pais, ausências. Desde as histórias tradicionais de crianças que se fizeram sozinhas como as garotas de O Jardim secreto e Matilda, até o irreverente menino de Onde vivem os monstros, elas tiraram forças para seguir adiante a partir da capacidade de fantasiar e brincar. As grandes elaborações infantis ocorrem num território que percorre paisagens como o País das Maravilhas, a Terra do Nunca e o quarto de brinquedos de Toy Story. Entre esses recursos de criatividade e magia, o humor, que chegou até mesmo a transformar os clássicos contos de fadas, é a grande estrela, através da qual a autoridade parental é invocada e contestada ao mesmo tempo.
  • versão para tv | reinvenção dos vínculos, com fabrício carpinejar

    De que modo reagir em famílias formadas com filhos de pais ou mães diferentes, meio-irmãos, guarda partilhada, casais homoafetivos, amigos conselheiros, avôs jovens? Como combinar rigor com liberdade? Como educar a criança no meio da ausência de papéis fixos? Funcionou a substituição da imposição de limites pela importância dos exemplos? Carpinejar, autor de “Meu Filho, Minha Filha”, comenta a evolução dos laços familiares, discute o movimento contra a alienação parental, o excesso de cobrança feminina, a tendência do homem em querer agradar a atual esposa acima de todas as coisas, o condicionamento de comportamentos filiais pela culpa, a tirania da criança, a carência que mantém a dependência, a fragilidade que vem do excesso de proteção e o impacto da psicanálise na exposição dos problemas em casa. Como referência, usará o filme Kramer vs. Kramer, de 1980. A intenção é discutir os resultados da emancipação paterna desde 1979.
  • íntegra | reinvenção da família, com marcelo carneiro da cunha

    A família tradicional morreu, viva a nova família! As transformações da última metade do século 20 redefiniram os personagens sociais: as mulheres adquiriram um protagonismo inédito; os homens precisaram se reprogramar, e os filhos passaram a centralizar a vida familiar, agora democratizada. A vida adulta se juvenilizou e estendeu, agora iniciando aos vinte e indo até o sessenta, na busca de uma felicidade contínua, que os leva a construir e reconstruir casamentos. Assistimos ao surgimento da nova família não-biológica, que funciona a partir de outros laços, diferentes, mas não menos intensos. Compreender essa nova realidade e traduzi-la é o desafio de hoje, no cinema e na literatura e para este autor de livros e filmes tais como “Antes que o Mundo Acabe”, o inédito longa “Insônia”, ou o novo romance, “Nem Pensar”. Na nova família não-biológica, uma vez que ela não é óbvia ou formada espontaneamente, seus participantes precisam encontrar e construir lugares dentro dessa nova estrutura, a qual requer, acima de tudo, diálogo e trocas de olhares. Com Marcelo Carneiro da Cunha. Palestra do módulo Reinvenção da família contemporânea: na tela e na vida real, de Diana Corso. Gravada no dia 20 de maio de 2011 em Campinas.
  • íntegra | família contemporânea em cena: novos pais, novos filhos, com diana corso e mario corso

    Acabou a era da estabilidade no casamento. Casa-se com essa esperança, mas poucos estão dispostos a grandes sacrifícios para esse fim. A parentalidade e a intimidade doméstica precisaram ser reinventadas depois de retiradas dos clichês familiares nos quais repousavam. A força das famílias contemporâneas nasce de laços distantes da hierarquia e da tradição: na ficção, os pais são tidos como idiotas, mas são amados; as mães se distraem e ausentam, mas costumam ser consideradas inteligentes e atenciosas; os filhos são endemoniados, mas justos. Aos pequenos cabe construir-se através de muita fantasia, aprendendo a administrar conflitos domésticos, problemas conjugais dos pais, ausências. Desde as histórias tradicionais de crianças que se fizeram sozinhas, como as garotas de O Jardim secreto e Matilda, até o irreverente menino de Onde Vivem os Monstros, as crianças tiraram forças para seguir adiante a partir da capacidade de fantasiar e brincar. As grandes elaborações infantis ocorrem num território que percorre paisagens como o País das Maravilhas, a Terra do Nunca e o quarto de brinquedos de Toy Story. Entre esses recursos de criatividade e magia, o humor, que chegou até mesmo a transformar os clássicos contos de fadas, é a grande estrela, através da qual a autoridade parental é invocada e contestada ao mesmo tempo. Com Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso. Palestra do módulo Reinvenção da família contemporânea: na tela e na vida real, de Diana Corso. Gravada no dia 27 de maio de 2011, em Campinas.

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aqui você encontrará toda a coleção de vídeos produzida em encontros do instituto cpfl desde 2003. são milhares de horas com os maiores pensadores brasileiros, artistas, convidados internacionais. todo o acesso é gratuito, e o acervo está organizado por temas, coleções, séries, palestrantes, para que você possa navegar pelo conhecimento contemporâneo da melhor maneira possível. bom proveito!