Café Filosófico

pode rir?, com marcelo tas (íntegra)

Os humoristas estão sendo levados a sério, disse Marcelo Tas durante o debate “Pode rir?”, do Café Filosófico CPFL. “O mundo atual quer entender as coisas. Quer ver as coisas por dentro. É como dissecar uma rã”, completou.

“O mundo está doente. O humor permite que a gente brinque com a gravidade da situação humana.”

Segundo ele, uma palavra que define o humor é distanciamento. “Ao contrário do drama, o humor não tem emoção. É pura inteligência. O humor é uma relação de entendimento entre duas inteligências”, disse.

E por que o humor precisa de plateia?, questionou. Porque trata-se de uma caixa de ressonância do entendimento. “O humor é viral.”

Ele lembrou que a risada produz um jato de endorfina no corpo humano, o que resulta em prazer. Por isso definiu o humor como uma questão de “saneamento básico”.

Para Tas, há uma tendência em tratar os humoristas como se fossem criminosos. “Para os poderosos é muito importante que não existam humoristas. Os poderosos estão loucos para que existam limites para o humor.”

Segundo ele, o fim da picada é quando a sociedade começar a crucificar os seus palhaços. “A arte do bobo da corte é criticar o poder sem que ele perceba. O humorista deve revelar novas formas de ver o mundo. O humor serve de agente revelador de um mundo torto.”

De acordo com o apresentador, crucificar humorista é querer viver numa sociedade blindada e doente. “Tudo é melhor do que censura. Até unha encravada.”

Sobre polêmicas envolvendo humoristas recentemente, como o caso de um apresentador de talk show que foi processado ao comparar um músico do espetáculo a um “macaco”, Tas disse ser favorável a qualquer tipo de debate. “Quem se sente ofendido está em seu direito de processar quem quer que seja. O humorista deve ficar atento em fazer piada, e não em provar que tem razão.”

Para ele, no entanto, quem não acha graça na piada tem a opção de não rir. “A punição ao humorista é não rir da piada dele.” Segundo ele, o Brasil virou “o país da indústria dos processos”. “Isso atravanca a Justiça do que realmente importa. O juiz não pode ser o Arnaldo Cezar Coelho do humor.”

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